Qual é a importância das abelhas na manutenção dos Ecossistemas?
A vida das abelhas é crucial para o planeta e para o equilíbrio dos ecossistemas, já que, na busca do pólen, sua refeição, estes insetos polinizam plantações de frutas, legumes e grãos. Esta polinização é indispensável, pois é através dela que cerca de 80% das plantas se reproduzem. Como alertava Einstein “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.”
Assim, as abelhas afetam a nossa vida diariamente sem que nós nos apercebamos disso. A nível alimentar, aproximadamente dois terços dos alimentos que ingerimos são produzidos com a ajuda da polinização das abelhas. Desta forma, o biólogo Jasen Brito sugere que todos os apicultores devem manter uma colmeia nas suas propriedades, para aumentar a produtividade das culturas tradicionais, como o milho e feijão, garantindo a produção de alimentos que dependem da polinização das abelhas. Este é o reconhecimento de que, sem as abelhas, a segurança alimentar da Humanidade estava ameaçada.
Assim, se justifica que, a nível de emprego, a apicultura envolva milhões de pessoas. Em Portugal, em 2010, existiam cerca de 17 mil apicultores, 38 mil apiários e 562 mil colmeias.
Razões para preocupação
A utilização excessiva de pesticidas ou agrotóxicos destinados a matar alguns animais que afetam a agricultura, tem vindo, igualmente, a matar abelhas. De forma semelhante, outros químicos, utilizados para promover um maior crescimento das plantas, prejudicam a polinização, colocando em risco o próprio ecossistema. Assim, por exemplo, o uso de Clothianidin, pesticida que causa a Colony Collapse Disorder, que consiste num envenenamento com uma neurotoxina para insetos, tem vindo a ser associada à morte maciça de abelhas em França e na Alemanha. O pólen é contaminado, em média, por nove pesticidas e fungicidas diferentes, mas os cientistas já chegaram a descobrir 21 agrotóxicos numa única amostra.
As ameaças sobre as abelhas incluem a própria apicultura, arte de criar abelhas e de aproveitar os seus produtos. O número de apicultores tem aumentado progressivamente, sendo que muitos desrespeitam as regras de distância de 800 metros entre apiários, levando as abelhas a entrar em competição e registando-se, também, muitas perdas devido à fome e má nutrição. Como adianta o nosso entrevistado Rui Andrade, “é preocupante”. A intensidade da apicultura conduz à produção de cerca de 20 kg por cada meia alça de um apiário, sendo que cada colmeias pode ter até 7 meias alças, sinônimo de “lucro” para os apicultores.
Adicionalmente, têm vindo a ser introduzidas espécies invasoras, como as vespas asiáticas, que aniquilam por completo colmeias inteiras. Acresce a multiplicação de doenças fatais que obrigam os apicultores a queimar toda a colmeia, como forma de evitar o contágio. Exemplos destas doenças são a Varroose, doença parasitária provocada pelo desenvolvimento e multiplicação do ácaro; a Varroa destructor ectoparasita que ataca muitos insetos de colmeias, essencialmente abelhas; e a peste americana, fungo que ataca as larvas, tornando-as numa “pasta com um cheiro nauseabundo”, segundo Rui Andrade.
Por último lembremos que, algumas espécies de abelhas, quando ameaçadas pelos humanos ou como a reação a cheiros fortes ou vibrações sonoras, defendem-se, utilizando o seu ferrão, e morrem.
O resultado destes comportamentos é inquietante. Na Europa e América do Norte, entre 50% a 90% das populações de abelhas desapareceram. Nos EUA, vários cientistas alertam para que as suas abelhas estão a morrer misteriosamente, facto que se designa por Síndrome do Colapso das Colônias. Estima-se que mais de 10 milhões das colmeias desapareceram em 6 anos. Portugal, ainda assim, é dos países menos atingidos, muito embora, entre 2004 e 2007 se estima que tenham morrido cerca de 3,5 milhões de abelhas no país.
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